sábado, 27 de agosto de 2011

" Igreja, comunidade dos discípulos de Jesus"




MEUS AMIGOS QUE DIZEM QUE NÃO TENHO FUNDAMENTOS, SEGUE PÁGINA 47 DOCUMENTO DA CNBB Nº 85 QUE DIZ:

". Igreja, comunidade dos discípulos de Jesus"


Quando evangelizados — com testemunho e
metodologia — os jovens se empolgam com a
pessoa e o projeto de Jesus Cristo. Por que, contudo,
face à Igreja muitos mostram resistência?
Muitos jovens têm dificuldade para entender que
eles são Igreja ou não se sentem acolhidos nas
comunidades. Constatamos que a imagem que
muitos deles têm da Igreja é de algo ultrapassado,burocrático, e que fala uma linguagem que não se
conecta com sua vida. Freqüentemente compreendem-
na apenas como instituição e não como a
comunidade dos seguidores de Jesus. Em muitos
ambientes universitários e meios de comunicação,
a Igreja é apresentada como cúmplice da injustiça
e, em diferentes situações históricas, contra o progresso
humano. Falta aos jovens o conhecimento
de tantas experiências de santidade e solidariedade
na história da Igreja, tendo como protagonistas os
missionários Bem-aventurado Pe. Anchieta, Pe.
Manoel de Nóbrega, Bartolomeu de Las Casas.
Em nosso tempo, também destacam-se outros
exemplos de vida cristã, santidade e martírio: São
Domingos Sávio, Santa Maria Goretti, Santo Frei
Galvão, Bem-aventurada Madre Teresa de Calcutá,
o Servo de Deus, João Paulo II, os brasileiros
Pe. Manoel Gomes Gonzalez, o coroinha Adílio
Daronch e Albertina Berkenbrock, a serem proximamente
beatificados, assim como Ir. Dulce, Dom
Oscar Romero, Dom Helder Câmara, Ir. Dorothy,
Pe. Josimo, Pe. Ezequiel Ramim, Dom Luciano
Mendes de Almeida, Dom José Mauro Pereira
Bastos e tantos outros. Nas cidades grandes, chama
a atenção a ausência dos jovens na vida eclesial,
de modo especial os de nível social e escolaridade
mais elevada, para os quais não há um trabalho pastoral específico. Em alguns lugares, a Igreja se
afastou e os perdeu. Advertimos a respeito da necessidade
urgente de apresentar missionariamente
a verdadeira face da Igreja à juventude e trabalhar
a relação entre fé e razão.
68. As resistências contra a Igreja se vencem progressivamente
com o amadurecimento da compreensão
dos contextos históricos e quando se destacam os
aspectos positivos, como a credibilidade da Igreja
nas pesquisas sobre as instituições sociais, como
também o contato com experiências autênticas de
Igreja que contradizem as afirmações negativas.
69. A Igreja é santa, mas formada por homens e mulheres
marcados pela realidade do pecado. Devido
à fraqueza humana, ela sofre continuamente a
tentação de se afastar da mística do seu fundador.
A Igreja que evangeliza precisa ser continuamente
evangelizada. “Pode-se criticar muito a Igreja. Nós
o sabemos e o Senhor mesmo nos disse que ela é
como uma rede com peixes bons e ruins, um campo
com trigo e joio. O Papa João Paulo II, que nos
mostrou o verdadeiro rosto da Igreja nos numerosos
beatos e santos que proclamou, também pediu
perdão pelo mal causado, no correr da história,
pelas palavras ou atos de homens da Igreja”.Mesmo com a presença significativa de jovens no
espaço eclesial, constatamos a ausência da grande
maioria. Isto se reflete, também, na dificuldade
de atrair vocações para o ministério presbiteral,
para a vida consagrada e para o laicato. Na evangelização
da juventude está em jogo o presente e
o futuro da Igreja. No entanto, a Igreja trabalha
com a juventude não somente para buscar vocações
que garantem sua continuidade mas também
para despertar a riqueza que trazem, ajudando-os
a descobrir a vocação para o serviço do Reino e
a transformação da Igreja e de toda a sociedade.
71. É importante que os jovens sejam ajudados a
entender que as ciências humanas apontam para
a ambivalência de todas as estruturas. Por um
lado, elas são necessárias. Sem as estruturas não
há continuidade no tempo, e a mensagem original
morre. A Igreja é a presença viva do Cristo atuante
na história. Sem a Igreja, não estaria viva a mensagem
de Jesus hoje e não teríamos os Evangelhos.
Através da Igreja, uma geração de crentes passa
sua fé à seguinte. Por outro lado, as estruturas se
desgastam com o tempo, dificultando a compreensão
da Boa-Nova, que está em sua origem. Por
isso, há necessidade de renovação contínua.
72. Um caminho importante para despertar nos jovens
o amor pela Igreja e o sentido de pertença a ela é a referência às experiências das primeiras Comunidades
dos Atos dos Apóstolos, para concretizar
hoje a vida eclesial que nasceu do derramamento
do Espírito no Pentecostes, na qual resplandecia
(cf. At 2,42-47) a oração, a fidelidade à Palavra,
a partilha dos bens e a Eucaristia (“Fração do
Pão”).
73. Em nosso tempo, à luz do Concílio Vaticano
II e de tantas manifestações dos papas e dos
bispos, insiste-se na Comunhão e Participação,
palavras e realidades que indicam um caminho
a ser também proposto aos jovens. Sua raiz é o
Batismo, pelo qual se manifesta uma igualdade
fundamental entre todos os cristãos, fazendo-os
todos responsáveis pela Igreja, cada qual segundo
a própria vocação. A Igreja, novo povo de Deus, é
descrita como Corpo de Cristo, uno na variedade
dos membros, onde todos têm igual dignidade. “É
uno o povo eleito de Deus: ‘Um só Senhor, uma
só fé, um só batismo’;8 comum é a dignidade dos
membros pela sua regeneração em Cristo, comum,
a graça de filhos, comum, a vocação à perfeição;
uma só a salvação, uma só a esperança e a unidade,
sem divisão.”Por isso, muitos documentos do Magistério pontifício
e episcopal apontam para a renovação da vida
da Igreja através do caminho do serviço, no qual
todos os fiéis, começando dos ministros ordenados,
buscam superar a tentação do autoritarismo e
assumir o modelo do lava-pés, atentos à palavra do
Senhor: “Sabeis que os governantes das nações as
dominam e os grandes as tiranizam. Entre vós não
deverá ser assim. Ao contrário, aquele que quiser
tornar-se grande, entre vós, seja aquele que serve,
e o que quiser ser o primeiro, dentre vós, seja o
vosso servo. Desse modo, o Filho do Homem
não veio para ser servido, mas para servir e dar
a sua vida em resgate por muitos” (Mt 20,25-28).
O modelo de todos é Jesus, o Bom Pastor, que
conhece os seus pelo nome e está disposto a dar
sua vida por eles.
75. Cada cristão, por seu batismo, é responsável pela
construção da Igreja, para que ela seja um espelho
do amor de Deus no mundo e sinal do Reino. “Na
história da Igreja, todas as vezes que se buscaram
formas mais elevadas de vida no Evangelho,
colocou-se na vida fraterna seu apoio fundamental.”
10 É importante que os jovens tenham a
experiência de relacionamento fraterno autêntico
e do exercício da autoridade como serviço em sua comunidade paroquial, nas comunidades eclesiais
de base, nas pastorais nas quais se envolvem, nos
movimentos eclesiais ou novas comunidades com
os quais se comprometem, como sinal de que é
possível viver com autenticidade o seguimento
de Jesus.
76. Nas atividades pastorais com a juventude, faz-se
necessário oferecer canais de participação e envolvimento
nas decisões, que possibilitem uma
experiência autêntica de co-responsabilidade, de
diálogo, de escuta e o envolvimento no processo
de renovação contínua da Igreja. Trata-se de valorizar
a participação dos jovens nos conselhos,
reuniões de grupo, assembléias, equipes, processo
de avaliação e planejamento.
77. Mas a Igreja não existe somente para fortalecer
a vivência da fé em comunidade. Existe para
construir o Reino, e o Reino é mais amplo do
que a Igreja peregrina. A Igreja, comunidade dos
que crêem em Jesus, constitui na terra o germe
e o início deste Reino, que, como fermento ou
pequena semente, faz a massa crescer e tornar-se
imensa árvore.
78. O Concílio Vaticano II propõe, como vocação da
humanidade inteira, e como meta a ser efetiva e
intensamente procurada, a fraternidade universal.
Afirma, também, que a revelação cristã “favorece poderosamente esta comunhão entre as pessoas”,
e ao mesmo tempo leva a uma compreensão mais
profunda das leis da vida social.11 Se a juventude
for levada a enxergar uma Igreja que procura ser
isso, graças ao caminho que segue, terá menos dificuldade
de assumi-la com sua alegria vibrante.
79. É importante falar da Igreja aos jovens como o
Mistério que persevera através da história humana
devido à presença do Espírito Santo. A Igreja
existe não somente para ser um lugar de encontro
agradável e de segurança dos que partilham a
mesma fé; ela existe para evangelizar, isto é, para
anunciar a Boa Notícia do Reino, proclamado e
realizado em Jesus Cristo,12 através de nossas
fragilidades e riquezas.
80. Um grande desafio é reconhecermos que também
no segmento da sociedade chamado juventude se
encontram as sementes ocultas do Verbo, como
fala o Decreto Ad gentes, do Vaticano II.13 Entrar em contato com o “divino” da juventude é entender
sua psicologia, sua biologia, sua sociologia e
sua antropologia com o olhar da ciência de Deus.
O jovem necessita que falemos para ele não somente
de um Deus que vem de fora mas também
de um Deus que é real dentro dele em seu modo
juvenil de ser alegre, dinâmico, criativo e ousado.
A evangelização da Igreja precisa mostrar aos
jovens a beleza e a sacralidade da sua juventude,
o dinamismo que ela comporta, o compromisso
que daqui emana, assim como a ameaça do pecado,
da tentação do egoísmo, do ter e do poder
e, com isto, auxiliar também na conscientização
de tudo aquilo que procura danificar esta obra de
Deus. Uma verdadeira espiritualidade possibilita
ao jovem encontrar-se com a realidade sublime
que há dentro dele, manter um diálogo constante
com aquele que o criou.
81. Considerar o jovem como lugar teológico é acolher
a voz de Deus que fala por ele. A novidade que
a cultura juvenil nos apresenta neste momento,
portanto, é sua teologia, isto é, o discurso que
Deus nos faz através da juventude. De fato, Deus
nos fala pelo jovem. O jovem, nesta perspectiva,
é uma realidade teológica, que precisamos aprender
a ler e a desvelar. Não se trata de sacralizar
o jovem, imaginando-o como alguém que não erra; trata-se de ver o sagrado que se manifesta
de muitas formas, também na realidade juvenil.
Trata-se de fazer uma leitura teológica do que,
de forma ampla, chamamos de culturas juvenis.
Numa época em que se fala tanto de inculturação
ou — em outros termos — de encarnar-se na realidade,
de aceitar o novo, o plural e o diferente,
na evangelização da juventude, estaremos diante
de feições muito concretas e imprevisíveis. Dizer
que, para a Igreja, a juventude é uma prioridade
em sua missão evangelizadora, é afirmar que se
quer uma Igreja aberta ao novo, é afirmar que
amamos o jovem não só porque ele representa a
revitalização de qualquer sociedade mas também
porque amamos, nele, uma realidade teológica em
sua dimensão de mistério inesgotável e de perene
novidade."